O uso da maconha em microdoses e doses ultra baixas
Muitas pessoas não conseguem usar maconha em doses “comuns”. Por isso, em vez de fumar ou ingerir a planta como acontece normalmente, elas precisam usar as microdoses ou, em alguns casos, as doses ultra baixas
A maconha é uma substância incrível para o uso medicinal e recreativo. Contudo, não é algo para todo mundo. Após “fumar um” ou ingerir THC, muita gente passa mal com os sintomas da "brisa" da planta. É exatamente por isso que há uma parte da comunidade maconheira que usa microdoses de cannabis.
O processo de microdoses não é único da cannabis. Na realidade, ele é bastante usado no desenvolvimento de muitas substâncias: o intuito é entender a aceitação do corpo em relação ao que está entrando no organismo de um indivíduo. Mas em relação às drogas, podemos dizer que as microdoses também são usadas para evitar uma “bad trip”.
Aqueles que passavam mal e começaram a usar a maconha em microdoses, perceberam os benefícios terapêuticos em usar pequenas quantidades. Na maioria das vezes, a substância não causou nenhum tipo de paranoia ou ansiedade. A microdose também pode ser uma opção interessante para aqueles que têm medo de usar maconha, mas ainda são curiosos sobre os efeitos da erva.
Onde a maconha é legalizada, por exemplo nos Estados Unidos e no Canadá, é possível comprar produtos com dosagens específicas de maconha. Assim, você pode procurar por comestíveis que não sejam tão fortes para uma primeira experiência. Mas é claro, estude sobre dosagens antes de fazer qualquer coisa.
Os produtos com menores teores de THC são capazes de oferecer uma ótima sensação de relaxamento ao corpo. E sem ficar “chapadão da cabeça”.
Na Itália, um mercado legal de cannabis permite o uso de produtos derivados da planta, porém, com níveis máximos de 0,6% de THC. Ou seja, quando falamos sobre o consumo legal de maconha, os italianos só podem usar as microdoses.
Esse tipo de uso é baseado na hormesis, um processo bifásico que entende que os efeitos são muito diferentes quando usados em altas doses e em baixas doses. A medicina homeopática é baseada nesse conceito. Assim, substâncias que podem ter efeitos tóxicos são diluídas para prevenir sintomas não desejados. No caso da maconha, por exemplo, a paranoia.
Um bom exemplo é o pólen de abelha, que pode causar alergia em muitas pessoas a depender da dose. Porém, se usado em doses super pequenas, ele pode fazer bem ao organismo e criar uma proteção contra a própria alergia de pólen. No caso da maconha, uma microdose seria de 2mg de THC, enquanto uma dose ultra baixa seria entre 0,02mg e 0.2mg.
O Dr. Haitham Amal, pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou que esse tipo de uso pode ser prejudicial para a memória. Mas ele realizou um estudo e também encontrou ótimos benefícios.
"Encontramos diferenças significativas entre a dose controlada e o grupo tratado, que indicou que a dose ultra baixa pode afetar a memória e o aprendizado espacial, mas esse efeito não é grave, não causa danos graves. Em nosso trabalho de acompanhamento, usamos essa dose ultra baixa, que possui um mecanismo molecular específico diferente de uma dose alta, para verificar se poderia proteger os ratos de ataques epiléticos e lesões mecânicas na cabeça. Realizamos essas experiências e descobrimos que a dose ultra baixa conferia um valor protetor aos camundongos”, revelou o Dr. Amal.
Segundo o pesquisador, as doses ultra baixas tem duas fases. A primeira pode prejudicar a memória, porém, as vantagens da segunda fase superam as desvantagens.