Entre a cruz e a espada

Mais que humano, errar é comum. Principalmente nós, jovens empreendedores tentando construir um negócio sólido no Brasil, onde acasos e burocracias fazem qualquer projeto parecer ambicioso. E, para completar, como já disse por aqui, ainda temos pouca informação sobre o universo que envolve a cannabis, por todos esses anos de proibição. Seja na área de pesquisa e desenvolvimento relacionada à planta, seja na análise de dados sobre o consumidor. Errar, aqui, é sinônimo de empreender. Mas como, já que não errar é impossível, pelo menos errar menos?

Conhecendo seu público. E aí mora outro problema, sobre o qual quero discutir hoje.

As principais pesquisas sobre o consumo de cannabis recreativa às quais temos acesso estão focadas no mercado americano, que já opera legalmente em nove estados, além da capital, Washington, DC: Califórnia, Oregon, Washington, Colorado, Nevada, Alasca, Maine, Vermont e Massachusetts. Ou seja, nossa referência é gringa. Por mais que no mundo globalizado os hábitos e costumes dos povos sejam menos delineados, é irreal pensar que o que rola na terra do Tio Sam ou até no Uruguai se aplica ao Brasil. Não mesmo.

Por outro lado, temos formas bem democráticas de chegar nesse consumidor, pela internet, e de analisar, através de diversas ferramentas, o perfil desse cara. Mas aí tem uma dica: é importante lembrar que nem todo mundo que curte cannabis está disposto a se mostrar como consumidor, seja na vida privada, seja na vida online. Quantos maconheiros que você conhece que nem sequer abriram o jogo para suas famílias?

Entre a cruz e a espada, meu conselho é estar aberto a tudo. Tem acesso aos movimentos e tendências dos países mais avançados no processo de legalização? Se informe. Tem formas de falar com seu público-alvo? Invista nessa relação. Alguma empresa já opera no nicho que você pretende atuar? Acompanhe de perto. Dessa trama de pequenas peças, você é capaz de encontrar um perfil mais completo do seu público e descobrir que relação quer estabelecer com ele.

Não se engane: você vai errar muito no mercado de cannabis. E uma das formas de evitar que isso seja um processo contínuo em seu negócio é sua capacidade de enxergar as falhas e oportunidades na velocidade que seu mercado demanda.