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Viver ou turistar no Uruguai: o que você precisa saber?


Minha missão durante o período que me propus a morar em Montevidéu, no Uruguai, foi entender como funciona, na prática, o modelo regulatório de cannabis no país pioneiro em legalizar a planta para uso medicinal e recreativo. Ainda me restam alguns dias por aqui e sei que tenho muito a aprender - só a vivência seria suficiente para aprofundar tantas questões. Mas, da experiência que tive em quase três meses vivendo na capital e viajando pelo país, reuni informações que podem ser úteis a quem decide se mudar ou viajar para o Uruguai nas próximas férias.


O Uruguai é um país da América do Sul com 3.47 milhões de habitantes que faz divisa com o Brasil e a Argentina. Montevidéu, a capital, é uma cidade limpa, organizada, com serviços de qualidade e uma população hospitaleira, simpática e aberta a conversar, mesmo que (e sobretudo) sobre cannabis. Segundo o relatório de 2018 The LATAM Cannabis Report, da Prohibition Partners, a prevalência de consumidores de tabaco no país é de 16,8%, e de cannabis, 9,3%.


O processo de legalização da cannabis no país começou em 2012, quando o então presidente Pepe Mujica anunciou planos para legalizar as vendas da erva para combater crimes relacionados a drogas e problemas de saúde no país. A Lei 19.172, assinada em dezembro de 2013, aprovou o controle e a regulamentação da importação, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis no Uruguai, o primeiro do mundo a fazer isso.


A regulamentação do cultivo doméstico, dos clubes de cultivo e da venda de cannabis em farmácias (vias de acesso oficiais) se desenrolou de forma lenta ao longo dos anos. Na prática, hoje, no Uruguai, 41.376 pessoas são autorizadas a acessar a maconha (segundo último relatório do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis, o IRCCA), das quais 31.565 em farmácias, 6.980 como cultivadores e 2.831 membros dos 110 clubes de cultivo registrados no país. Segundo o mesmo relatório, U$S 22 milhões que deixaram de circular no mercado ilegal desde a implementação da nova lei.


As regras de cada formato de acesso à cannabis legal no país são as seguintes:


Clube de cultivo

Número de sócios: 15 – 45;

Números de plantas: máximo de 99 em flora;

Gramas por mês: 40 gramas por associado.


Farmácia

Alfa 1: 65% indica e 35% sativa;

Beta 1: 65% sativa e 35% indica;

10 gramas por semana;

Registro com identidade de residente.


Auto cultivo

6 plantas florando;

Registro com identidade de residente.


Tá... e o que exatamente isso significa para um brasileiro no Uruguai?

Brasileiros com mais de 1 mês de residência no país podem dar entrada na solicitação de residência permanente e, uma vez concedida, podem trabalhar normalmente, cultivar em casa, fazer parte de um clube, ou comprar em farmácias, tendo basicamente os mesmos direitos que um cidadão uruguaio. Ou seja, as regras acima passam a valer também para quem é do Brasil e tem a residência uruguaia.


Mas quanto custa viver no Uruguai?

Posso dizer que o Uruguai é um país caro para morar. Esses valores foram levantados em janeiro deste ano e, é claro, variam de acordo com a cidade, o bairro e o estilo de vida de cada um. Mas, basicamente, em Montevidéu, você encontra:


Airbnb: R$ 3.500 /mês;

Hostel: R$ 1.000 / mês;

Alimentação: 20% mais caro que São Paulo;

Feira livre: variedade de preço;

Locomoção: Ônibus R$ 4,50;

Uber: Valor similar de São Paulo;

Taxi: 8km R$ 50,00.


E os turistas brasileiros no Uruguai?

Bem, turistas não têm residência uruguaia e, portanto, estão fora do esquema de comércio legal da maconha no país. Por outro lado, como consumir cannabis não é crime no Uruguai, então um brasileiro não será apreendido fumando seu baseado por lá.

Dessa forma, foi criado um tipo de esquema informal, não regulamentado, que dá margem ao turismo não legal de cannabis no país, através de “regalos”, ou seja, presentes que head shops, grow shops e até hospedagens, estilo hostel e Airbnb, dão na compra de seus produtos e serviços.


O Uruguai é um país único e nenhuma comparação com o Brasil é válida. Mas, acredito que aprendendo sobre como cada formato funciona na prática, podemos encontrar referências e exemplos para trilhar nosso próprio caminho.


E você, o que você acha do modelo uruguaio de legalização? E sobre o turismo canábico que emerge pelas frestas da lei?




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